Jogo de antônimos
Quando morre o majestoso dia
é porque nasce a gloriosa noite.
Vai embora o Dom sol
porque é chegada a Dona lua,
e o dia ensolarado adormece
para que a noite acorde sem euforia.
Quando o canto dos pássaros se encerra
a sinfonia dos grilos se inicia;
o calor duradouro desaparece,
o vento instantâneo principia.
A polifonia das vozes em correria cala-se
em nome da monofonia da calmaria do tempo.
...e quando se encerra, então se inicia;
e quando se desaparece, então se principia.
Contrária a polifonia, torna-se monofonia.
Quando se pensa em verão
é porque o inverno na canção
se constrói de sol e chuva,
de água que cai na bica com gosto de gostosura
e a terra que antes rachada estava
agora é terra de enxurrada e fartura,
de frutos estampados em tantas árvores
de fartas cores em meus olhos de brandura.
E no coração de quem fez estes versos
uma festa se desenha em movimentos
um jogo de antônimos se mistura
e em mãos dadas, dado passo
em compasso vou dançando essas loucuras...
No jogo dos antônimos
só não cabe a censura.