POEMA DE RIAN
Silvania Mendonça Almeida Margarida
23 de outubro de 2004
André Luis Rian
ser sua mãe é ser mãe
em 23 de outubro e nas próximas
eternidades que virão.
É tentar se desdobrar
fibra por fibra
É viver entre os braços e afagos,
É rir do futuro esperado
das fibras íntimas do nosso ser
É furtar-se baixinho
sobre um berço dormindo!
É ser anseio,
felicidade e alegria.
É ser gravidez,
uma tentativa de escrever
sentimentos e palavras
que acabam dando lugar
às emoções mais primeiras.
Parece-me que foi ontem,
e quinze anos já se foram.
Quinze anos aprendidos,
por amor, tão longo amor.
Choro pela fragilidade do meu ser...
E pela fortaleza do seu ser especial,
Choro, neste momento, mas é por pouco tempo...
Permita-me chorar, prometo, é por pouco tempo,
A minha tristeza velada é leveza sentida,
após qualquer prática de purificação,
Devemos continuar a luta...
Lembrar-se de momentos passados
Das andorinhas da sua janela
E você a perambular nos diversos colos alheios
Para no outro dia começar novas terapias.
Amanhã será outro dia.
Mas como descobrir
em momentos de nascimento,
Logo parto, que filho primeiro.
Que tão amado e esperado
teria mais letras do que se imaginava.
E é nessas horas que o futuro poderia
estar escritos nas cartas que
não ouso abrir, mas não,
ele está trancado longe de mim
em vidas do passado negadas,
ao nosso esquecimento:
meu e seu, filho muito amado.
Decidir o caminho a seguir
tornar-se-ia tarefa muito difícil,
Se não estivesse perto de mim
para nos entrelaçar a evolução.
Os meus olhos não sentem
e o meu coração vê,
no vento foraz,
em ventre forte,
que corta as matas,
que pulsa as veias.
no som dos rios, das folhas,
cascatas, o meu grito
intenso e nunca respondido
andré, Luis, rian,
rian, Luis, meu andré,
o seu vento espelhado
não responde em letras, mas
em harmonia de uma música.
E em qualquer canto,
que está perto das estrelas,
Nossos caminhos, nós traçamos,
sem saber bem para onde vamos.
É o tempo que temos
para aos olhos dar o brilho
e aos corações o calor
no que nos liga ao trajeto
Dorme onde o rio corre
Esse rio sem fim.
Não me vêem outras imagens,
a respiração mais pesada,
mãos, que em imagens fragmentadas,
cerceiam o outro lado da luta,
buscava o brilho opaco de uma lua
que está ainda por brilhar.
Médicos, remédios, autismo,
e quem disse que existe autismo?
Oh! O meu coração!
Ser mãe é ter no alheio
O local onde habito
“casa que hoje sou!”
E quem me sinto morre
no lábio que suga,
pois seu silêncio fala,
o pedestal do seio,
não morre, cala e
procura o luar,
e ao mesmo tempo,
cantando, vibra.
Ser mãe é ser um anjo que se libra.
Mas se os seres encantados
começarem a incomodar
o seu sono tranqüilo,
infinito,
debelarei sempre,
pois durante este trajeto
muitos momentos marcamos,
e sem temeridade, e sem receio,
é ser força que os bens equilibram!
Hoje, André Luis Rian
pertencemos um ao outro
a um tempo que não existe,
como se só tivéssemos nos conhecido
em lugar encantado, e, profundamente,
em sonhos houvéssemos acontecido
em nossa total cura!
Só acredito que fomos dois
em um — um certo dia.
Todo o bem mãe
é bem, cujo Criador não está longe.
Nos seus parabéns,
que para mim são eternos,
são espelhos em que se miram
afortunados os anjos
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!
Filho,
saudades, as mais variadas,
Aprendizagens, as mais incandescentes,
Ações, as mais belas,
Vida, a mais vivida,
Por isso, filho meu!
Permita-me
Ser sempre sua mãe e andar
chorando num sorriso!
Permita-me,
por mais quinze eternidades,
Em outros outubros vinte e três,
Querer ter um mundo de você!
Esclarecimento:
Não existe melhor homenagem de natal que a criança especial, que acorda anjos e levanta arcanjos em nome do amor. Por isso, esta minha homenagem. Para esclarecimento o meu filho se chama André Luís Rian Mendonça Motta.
Belo Horizonte, 21 de dezembro de 2004.