Verônica
VERÔNICA
Ao vê-lo ali , ao pó ajoelhado
as costas um duro e pesado lenho,
que o faziam levar, e grande empenho
fazia por não vê-lo ali tombado .
os joelhos feridos, os punhos atados ,
com uma purpúrea capa se cobria
grande amargor o seu olhar trazia,
na cabeça, espinhos ali cravados.
no rosto, o sangue já coagulado,
junto ao suor que em borbotões corria ,
e a jovem mulher que aquilo via ,
condoía-se por vê-lo em tal estado,
rompendo a turba, ajoelhou-se ao lado,
daquele homem que ali jazia ,
num alvo pano de linho que trazia,
limpou-lhe o rosto, tão desfigurado,
talvez então nem haja imaginado ,
que o ato de amor que ela fazia ,
por socorrer aquele que sofria
pudesse ser ali recompensado .
Mas teve o seu nome eternizado,
pois no pano de linho que o limpara,
JESUS em recompensa lhe deixara
SEU rosto para sempre retratado .