OUVE-ME PAI !

Oh! Pai, inclina-te para mim

Atenta os teus ouvidos

Clamo noite e dia

Escuta os meus gemidos

Desce e te cinge como guerreiro

Lança a tua foice à terra

Recolhendo o trigo no celeiro

Faz justiça ao que em ti espera

Por que prospera o ímpio

Dá frutos e se engrandece?

É arrogante e iníquo

Está seguro e se ensoberbece

Quem deu crédito à nossa pregação?

E a quem se manifestou o braço do Senhor?

Não rejeites minha oração

Pois, sozinho e necessitado estou.

Tu tens me feito esperar

Me convenceste com duras provas

Mas estou a soçobrar

Me anima e me renova

O dia já declina

E a tarde já se ve

O terror se aproxima

E quem poderá sobreviver?

Todo homem se embruteceu

E não tem conhecimento

Quem limite ao mar estabeleceu

E ao meteoro deu entendimento?

Não és tu o único Deus?

Por que imaginam eles fantasias?

Até mesmo os judeus

Cultuam o que tu abominas

E praticam extorsão

Usura, roubo e crimes

Sujas estão as suas mãos

Nenhuma delas está limpa

Perece um justo e ninguém se importa

E o íntegro é desprezado

O que repreende na porta

Se obriga a ser rejeitado

Quanto falta, qual o tempo?

Qual o número e a medida?

De um e de outro

Quanto falta em dias?

Levanta-me para colher ainda

E completar o que falta

Para que cuide da vinha

Antes que seja ceifada