O Silêncio da Cruz

Ele olhou para o abismo e viu nossos rostos,

Nosso pecado, nossa dor, nosso vazio.

E sem hesitar, se entregou aos monstros,

Do mundo que Ele mesmo criou, com amor, e com frio.

Naquela cruz, o Filho de Deus foi escuridão,

Mas na escuridão, Ele se fez luz.

Gritou em silêncio, com o coração partido,

“Pai, por que me abandonaste?” — o grito da cruz.

O peso dos mundos pesava sobre Ele,

Cada gota de sangue, cada lágrima derramada.

E ali, Ele se fez a vergonha de todos,

Carregando o nosso erro, nossa jornada.

Não havia consolo, não havia alívio,

O sol se escondeu, a terra tremeu.

O Deus eterno se fez humano, sem brilho,

Para que nós, perdidos, pudéssemos ser.

Ele morreu em nosso lugar, na nossa dor,

Levou nossos medos, nossos gritos mudos.

E com as mãos furadas, Ele mostrou

Que o amor maior é forjado no escuro.

Eu vejo Ele lá, na cruz, me olhando,

Olhos de misericórdia, olhos de perdão.

E eu, pequeno, me pergunto, me calando,

"Como posso carregar tanto amor, tanto coração?"

Mas, no vazio da alma, uma esperança cresce,

Na dor que arde, a paz começa a nascer.

Pois Ele morreu, mas a morte não o aprisiona,

E em cada ferida, Ele me ensina a viver.

Ainda que a cruz me persiga, que a estrada seja longa,

Seu amor me fortalece, me transforma, me conduz.

Pois, no fim, a dor não é o fim da jornada,

Mas o começo de um amor que vence a cruz.

Wilker de vasconcelos silva
Enviado por Wilker de vasconcelos silva em 01/12/2024
Código do texto: T8209198
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