O Silêncio da Cruz
Ele olhou para o abismo e viu nossos rostos,
Nosso pecado, nossa dor, nosso vazio.
E sem hesitar, se entregou aos monstros,
Do mundo que Ele mesmo criou, com amor, e com frio.
Naquela cruz, o Filho de Deus foi escuridão,
Mas na escuridão, Ele se fez luz.
Gritou em silêncio, com o coração partido,
“Pai, por que me abandonaste?” — o grito da cruz.
O peso dos mundos pesava sobre Ele,
Cada gota de sangue, cada lágrima derramada.
E ali, Ele se fez a vergonha de todos,
Carregando o nosso erro, nossa jornada.
Não havia consolo, não havia alívio,
O sol se escondeu, a terra tremeu.
O Deus eterno se fez humano, sem brilho,
Para que nós, perdidos, pudéssemos ser.
Ele morreu em nosso lugar, na nossa dor,
Levou nossos medos, nossos gritos mudos.
E com as mãos furadas, Ele mostrou
Que o amor maior é forjado no escuro.
Eu vejo Ele lá, na cruz, me olhando,
Olhos de misericórdia, olhos de perdão.
E eu, pequeno, me pergunto, me calando,
"Como posso carregar tanto amor, tanto coração?"
Mas, no vazio da alma, uma esperança cresce,
Na dor que arde, a paz começa a nascer.
Pois Ele morreu, mas a morte não o aprisiona,
E em cada ferida, Ele me ensina a viver.
Ainda que a cruz me persiga, que a estrada seja longa,
Seu amor me fortalece, me transforma, me conduz.
Pois, no fim, a dor não é o fim da jornada,
Mas o começo de um amor que vence a cruz.