CAIM DOS CÃES
CAIM DOS CÃES
QUEM SÃO ELES, que todos os dias à noite planejam roubar, e roubam, a carne a sangrar dos que não navegaram pelo mar dos vencidos.
QUEM ÉS TU, QUE pensas ter poder, que é só querer e estarás livre para sequestrar os bens dos que servem ao Anjo de luz do Senhor.
QUEM PENSAS QUE és, algum privilegiado por um pacto, a ignorar sentir o movimento que rasteja no chão sobre o despojo de teu irmão.
ÉS AQUELE QUE gerou a descendência nefasta que arrasta a mala pesada de ações e intenções vindas do Inconsciente vezeiro, intrujão.
QUEM PENSAS QUE és, tu e teus aliados no covil dos condenados à eterna idade do criminoso cego, alma ardente a queimar o Centurião.
TU ÉS A LÂMINA que adentrou o corpo açoitado do Filho do Homem crucificado, para que te livrava de teus mil pecados. Sem perdão.
AINDA HOJE RASTEJAS no chão de estrelas da calçada das vaidades que te subjuga e conduzirá teu esqueleto a sete palmos de chão.
ÉS O SENHORIO DE milhares de milhas que navega no avião pelos ares, atravessas nuvens com teus pares em voos de ilusão.
TU, QUE NÃO PARAS de desejar a carne limpa, pura, a carne sem usura, não sodomizada, daqueles que deveriam ser teus irmãos.
A QUEM PENSAS QUE enganas com tuas palavras traíras, que encanta, fascina, adormece e magnetiza as misérias associadas à tua religião.
DA MONTANHA NÃO sabes nada, nem sequer podes ver a paisagem que dela se descortina. Tens a sensibilidade de um temeroso poltrão.
TU SEMPRE VALORIZASTE a mútua degradação, vivias e nem sequer saber querias: toda tua herança era o simples 7 palmos de chão.
TOLOS E CARENTES de caráter e ânimo erudito, inventaram te chamar de “mito”, sem saber que sempre te faltou a presença moral do Espírito.
O PIOR CEGO É O QUE não via que, se Abel matasse Caim, simplesmente estaria a construir o mesmo muro da anciã e lamentável Antologia.