Rogo
Deus, faça-Te aqui presente,
Se não eu, teu servo clemente,
Sairei para longe dos teus caminhos.
Pai, sei que cedes aos passarinhos
A liberdade com que adejam.
Faça-me pelo menos como teu filho
E que assim me vejam.
Eu Tentar-Te. Como o faria?
Se em tua natureza nada falta.
És o verbo completo
A perfeita calmaria
A planar minhas águas conturbadas.
Não há em mim outro tentador,
Senão a minha carne faltosa.
Não há nada, só rancor:
Sentimento de minh'alma tortuosa.
Pensar-te em verso
É arranhar tua criatividade.
Não componho rios ou universos,
Não ouso tanto, sou limitado.
Minha trova é simples, confesso:
Não tem teu ar elevado.
Mas ela a ti destino
Oh! Deus amado.
Esse pobre rimar de menino
Mas de todo a ti pensado.