CENA INCOMPARÁVEL

(A crucificação)

Ao despontar de mais um dia

Levantei-me e caminhei até a varanda.

Submergido em pensamentos

Fitei o olhar para a alta enlevação.

Contemplei uma cena incomparável

De alguém que sofre inocentemente

Por se doar no lugar do outro

Imóvel, sem forças

Sofria calado.

É tão abstrato tudo que vejo!

Que me vem a imagem de um ser

A carregar uma pesada cruz

E os seus opositores o maltratam,

Rasgam-lhe suas roupas,

Chicoteiam-lhe fortemente,

Argumentam e zombam

Do Ser indefeso.

Refletindo a vista, posso ver

Um homem à direita

Outro a esquerda

E muitos estão a insultá-los

E dizem: “Podes Tu,

Defender-se a Ti mesmo?

Então, levanta-te dessa cruz!”

A resposta que veio a se ouvir

Quando dos lábios sua fala saiu,

Argumentava assim:

“Eli, Eli, lamásabactâni”

Que em outras palavras é:

“Deus meu, Deus meu,

Por que me desamparastes?”

E todos continuavam a zombar,

E aquele homem tão sofrido,

Pedia-lhe água e um deles lhe deram vinagre.

Mas, mediante todo seu sofrimento,

Ele ainda exclamou, “Pai, perdoa-lhes

Porque eles não sabem o que fazem”!

Em seguida, ouvisse um grande suspiro.

Que desfalece-se e sucumbe-se.

Joceilma Ferreira Dantas
Enviado por Joceilma Ferreira Dantas em 19/12/2022
Reeditado em 23/12/2022
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