Distorc-eu

  À luz azul desse celular, eu me distorço:

  Torno-me uma sombra na luz de minha liberdade,

  Sou uma ovelha contando gotas do mar.

  Dá-me sabedoria, para eu respirar.

  À luz azul desse celular, eu me distorço:

  A informação me desinforma da realidade

  E desfaz-se em mim a humanidade.

  Livra-me de pecar contra meu próximo.

  À luz desse celular, eu me distorço:

  Já não sei o gosto íntegro de um café,

  Nem o cheiro de uma flor qualquer.

  Faz-me viver, pois só permaneço existindo.

  Faz a luz do celular se apagar, Senhor,

  E mostra-me o prazer de uma boa conversa,

  O prazer de olhar as nuvens no céu,

  O prazer de, para ti, viver.