NÁUFRAGO

Outro naufrágio, outra praia

Ou a mesma, não sei dizer

Choro, grito e praguejo, até cansar

Sem mais forças, junto os destroços

Para outra embarcação construir

Empurro me mais uma vez ao mar.

Como sempre em uma embarcação menor

Um capitão mais fraco e cansado

Para evitar das sereias enganadoras o canto

Para se desviar das interperes do oceano

Tudo isso pela fugida esperança

De lágrimas molharem meu cadáver

Ao invés do sal destas águas sem fim

Desalentado clamo ao Deus de meus pais

De quem fugi por toda minha vida.

Solto o cabo da nau e entrego meu destino

Acordo em um porto cheio de mendigos

Invadem meu barco trazendo suas misérias

Do alto uma voz maviosa que só eu ouço:

"Traga-os de volta para Mim, e tu também

Voltarás!"