EM NOME DE DEUS
Com as mãos pregadas num pedaço de madeira,
o peito aberto em chaga que pulsa ante a maldade,
sou objeto sádico de sua fé prisioneira,
que há muito se apartou de toda minha verdade.
Amor sintético nos corações de plástico,
são a miséria servida num prato de fome.
Mas há meu corpo frio mutilado e estático,
para que a culpa seja perdoada em meu nome.
Imundo é o fervor de toda oração, que perdida,
desfaz-se só, entre paredes manchadas de ira.
O corpo castigado que jaz, e não revida,
é gente de carne, não a escultura que admira.