EM NOME DE DEUS

Com as mãos pregadas num pedaço de madeira,

o peito aberto em chaga que pulsa ante a maldade,

sou objeto sádico de sua fé prisioneira,

que há muito se apartou de toda minha verdade.

Amor sintético nos corações de plástico,

são a miséria servida num prato de fome.

Mas há meu corpo frio mutilado e estático,

para que a culpa seja perdoada em meu nome.

Imundo é o fervor de toda oração, que perdida,

desfaz-se só, entre paredes manchadas de ira.

O corpo castigado que jaz, e não revida,

é gente de carne, não a escultura que admira.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 20/10/2020
Código do texto: T7091913
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