Igrejinha de Xambrê
Me lembro desde criança
Da Igrejinha de madeira...
Com a sua cruz altaneira
E uma longa escadaria...
Firme marco sacro-santo,
De um povo de muita pia.
Vindo de Porto Figueira,
Ao cair o Sol preguiçoso...
O que primeiro se via:
O tronco forte de ipê,
O cruzeiro magestoso,
Abençoando Xambrê.
No domingo o povareu
Subia pra prestar culto.
No peito firme o chapéu,
Nas mãos a Bíblia sagrada,
E ali, mais perto do céu,
A vida era abençoada.
E lá, quando era menino,
Do pastor ouvi um sermão
Que mudou o meu destino
E reafirmou minha decisão.
Tornei-me servo de Cristo,
Rendendo-me em oração.
Quando saí da Igrejinha
E olhei o vasto campo
Daquela cidadezinha,
Lá encontrei a minha via
Naquele marco sacro-santo
De um povo de muita pia.
A Seara a perder de vista
E tão poucos os obreiros...
Tornei-me um evangelista.
Pregando o Deus verdadeiro
Que voltará n'algum dia...
A um povo de muita pia.
Aquela cruz tão distante
Pode até ter ido a pique.
A do meu peito persiste,
Com a mesma serventia...
Ser um marco sacro-santo
De um homem de muita pia.