O SALMISTA
A você que gosta de poesia
E que sabe que os poetas
São cheios de palavras e vazios de todo o resto
Há de pensar que a cada palavra que lia
Traduzia uma alma cheia e inquieta
Que nada trazia além do gesto
É como a terra de um jardim
Que produzindo dá aos seus olhos alegria e viço
Ao seu olfato perfume
Mas que de fato é poeira sem fim
Nada tendo além disso
Ou se adubado, o chorume
Nem ele compreende que nada possui
Sua poesia não é fingida
Ele escreve inspirado, desejando emocionar;
Dificilmente intui
Que o que carrega na vida
É somente o poetar.
Só Deus pode preencher o bardo
E fazer com que ele realmente ame
E transmita coisa que valha a vista
Fazendo-o capaz de trazer o nardo
Sobre toda alma que clame
Tornando-o então, salmista.