R E M O R S O
Eu vi quando chegavas, maltrapilho,
Triste o semblante, o olhar sem brilho,
Querias me falar...
Mal pude ouvir a tua tênue voz.
Ali no trânsito cruel, veloz,
Parei pra te escutar.
Humildemente te achegaste a mim
E, com ternura me falaste assim
Com jeito de chorar...
Pediste uma esmola, um dinheiro.
Estavas tão cansado! O dia inteiro
Andaste a mensigar.
Cruel, a minha ajuda te neguei,
Dizendo que não tinha, que gastei
O pouco que tivera.
Então partiste sem dizer mais nada.
Cobriu-te logo o negro pó da estrada.
Que estava à tua espera...
Porém, meu coração ficou pesado,
Por ter a minha ajuda te negado
Na hora em que te vi.
Perdoa-me, Senhor, porque fui cego.
E agora este remorso eu carrego:
Não Te reconheci!
Sebastião Gomes de Oliveira (Paraibuna ) (12) 3974-3068)
Com este belíssimo poema, estou prestando uma homenagem ao autor que é meu irmão.