R E M O R S O

Eu vi quando chegavas, maltrapilho,

Triste o semblante, o olhar sem brilho,

Querias me falar...

Mal pude ouvir a tua tênue voz.

Ali no trânsito cruel, veloz,

Parei pra te escutar.

Humildemente te achegaste a mim

E, com ternura me falaste assim

Com jeito de chorar...

Pediste uma esmola, um dinheiro.

Estavas tão cansado! O dia inteiro

Andaste a mensigar.

Cruel, a minha ajuda te neguei,

Dizendo que não tinha, que gastei

O pouco que tivera.

Então partiste sem dizer mais nada.

Cobriu-te logo o negro pó da estrada.

Que estava à tua espera...

Porém, meu coração ficou pesado,

Por ter a minha ajuda te negado

Na hora em que te vi.

Perdoa-me, Senhor, porque fui cego.

E agora este remorso eu carrego:

Não Te reconheci!

Sebastião Gomes de Oliveira (Paraibuna ) (12) 3974-3068)

Com este belíssimo poema, estou prestando uma homenagem ao autor que é meu irmão.

Antônio Oliveira
Enviado por Antônio Oliveira em 28/09/2007
Código do texto: T671892