A Fé Que Sangra
De joelhos sobre o chão,
Ouço assim, de olhos vendados,
Uns soluços abafados
Vindos do meu irmão.
Sinto amor e calmaria
Ecoarem em meu peito.
Minha fé é minha amiga,
Que age, que modifica,
Que me faz andar direito.
Sofreste por mim na cruz;
Foste cuspido, chibateado,
Constrangido, humilhado.
Amaste sem ser amado.
“Este és Tu, Senhor Jesus!”
Até hoje, em Teu regaço,
Carregas a humanidade,
Mas parte da sociedade
O Teu nome repudia.
Não vê em Ti a alegria
E o sabor da liberdade.
Está lá nas Escrituras
Para sempre registrado:
O dia em que foste negado,
Por alguém de Ti amado,
Que esqueceu Tuas formosuras.
Falar o quê dos que persistem
Em abafar as orações?
Os clamores e as canções?
Sobrepondo os jargões
De deuses que não existem?
Jorrou Teu sangue sagrado!
Fez-se assim a Tua vontade!
Salvaste a minha vida
E de toda a humanidade!
Hoje jorra o sangue meu,
Bem como o de meu irmão.
Nossos corpos cairão,
Sucumbidos pela adaga.
Assim seguirá esta saga
De viver do povo Teu.