MEUS SETE AMORES

Às mulheres eu amava,

E lhes dava a minha força;

Quanto mais lhes procurava

Menos amava a elas todas.

Era um amor carnal,

Frívolo e sem proveito;

A não ser de todo o mal

Que colhi em cada leito.

Eu amava o mundo,

Sem o amor do Pai em mim;

Mas sobrevindo o mandamento

A lei me matou e eu morri.

E o mandamento que é pra vida,

Eu achei que me era para a morte;

Aquilo que hoje me abriga

É também a minha sorte.

O mundo eu não amo mais,

Pois o amor do Pai está em mim;

Ele ama aos que lhe amam,

E aos que de madrugada lhe buscarem.

Além de amar o mundo,

Amei as coisas dele;

Atolei-me em abismo profundo,

E me perdi em devaneios.

Mas Deus amou o mundo,

E também me amou a mim;

Hoje não sou mais imundo,

Ele lavou-me com o seu sangue.

E porque Ele me amou,

E me deu a Sua vida,

Eu lhe provo o meu amor:

Guardo a palavra proferida.

Aquela palavra antiga

Falada desde o princípio;

A mesma que é a vida:

Mandamento velho e novo.

O velho é lhe amar,

E também ao próximo;

O novo é o fraternal,

Um amor mais que lógico.

Eu amo a minha mulher,

Pois dEle recebi instrução;

Senão tudo que eu fizer

Perde sua significação.

Foram sete amores

Dos quais três passaram;

Desses, o maior de todos,

É o primeiro, ao Pai.

Pois ele me amou primeiro,

E exige o mesmo de mim;

Eu sou um forasteiro,

Ele o princípio e o fim.

O Seu amor nunca passa,

Diz a sua palavra;

Cessa a língua e profecia,

Mas o Seu amor nunca acaba.

Por assim querer ser,

Pra viver eternamente;

Vou sua palavra obedecer,

Estando em mim Sua semente.