Clamor do Sertanejo
Clamor do Sertanejo
Trazendo no rosto as marcas da dor
Traços cinzentos que o tempo fez e riscou
Coração sofrido e alma ansiosa
O nordestino resiste com coragem audaciosa
Carrega nos ombros a razão da sua fé
Pesada é a jornada que a peregrinação produz
Pagando promessas a quem nunca promessa recebeu
O lamento de esperança envolve o seu cântico
No entardecer silencioso a ouvir o estalo do vento
Imagens que a sua imaginação projeta, materializadas na capela
A sede que mata a plantação é a mesma que dilacera o seu coração
E o coração vai batendo qual pêndulo do relógio
Que anuncia as horas do tempo que não veio
E a chuva nem chegou, o vento levou a última gota de esperança
A sua prece sempre repete aquilo que aprendeu
Embora não entenda o que ela quer dizer
Sabe que ela o comove tanto e sempre nova é
É apenas uma questão de fé, de crença, (e a dúvida não quer parar)
Meus Deus, nosso Sinhô! Ainda lembra desse pedaço de torrão?
Manda a chuva, manda a tua misericórdia, socorre o aflito sofredor!
Sertanejo que nunca desiste de lutar, O lamento é a sua canção...
Ele nunca muda do seu lugar, é planta que Deus plantou...
Que não quer o pedaço de chão deixar, suas raízes ali estão.
Ouve o soar do trovão é certeza que Deus ouviu
Que o viu, que está mandando a provisão
A terra seca começa a cantar... a rã orquestra a sinfonia
Dizendo que vai chover, o sertanejo enche os olhos d’água
Como a nuvem que solta a chuva, não dá para esconder
É a emoção de ser filho dessa terra
Nordeste de muitas cores, culturas e sabores
É terra querida, discriminada e sofrida
Mas é o maior lugar, é o meu chão
É aqui onde aprendi a ter fé no Criador
Muitos altares conheci, mas agora sou altar de Deus
Eu sou a capela do Espírito Santo, e adoro ao Senhor
Deixei tanta superstição, abracei a verdade que libertou meu coração
Sou nordestino sim senhor, de nada me envergonho de aqui ter nascido
Minha terra é lugar de provação, mas é aqui que minha fé tem crescido...
Porque de milagres vive esse povo, é na esperança que nos envolve
Que sabemos que sempre temos... O Deus que nos socorre!
Luciano Costa
18 de novembro de 2014.