A Mula do Profeta
Pelo caminho, de manhã, caminhavam o profeta e a mula;
O profeta e a mula....
Acompanhando, seguia, aos príncipes de Moabe
O profeta e a mula; a mula e o profeta,
Atender ao chamado de Balaque, seguiam
O profeta na mula; a mula do profeta...
Até que, no caminho, um anjo apareceu
Ao profeta e mula; a mula do profeta.
A mula viu o anjo e a espada no caminho
A mula do profeta
Não o viu...
A mula então buscou-se desviar
Pois a mula do profeta corria perigo de morte...
O profeta espancou a pobre mula;
A mula do profeta...
Mas o anjo do Senhor entre as vinhas ficou,
Colocando entre as paredes o profeta e a mula;
A mula do profeta...
A mula, então, para o profeta livrar
Encostou-se na parede e, sem querer,
Imprensou o pé do profeta
E a mula do profeta
Continuou a espancar...
O anjo, mais uma vez, o caminho estreitou,
Sem dar espaço algum para passar o profeta e a mula;
A mula do profeta...
Então a mula, sem ter para onde se desviar, se deitou
Para salvar o profeta; o profeta da mula; a mula do profeta...
O profeta, por sua vez, continuou a espancar a mula;
A mula do profeta...
O Senhor deu condições da mula falar
E a mula ao profeta questionou:
“Porque me espancou?!”, disse a mula;
A mula ao profeta.
“Porque você de mim zombou!”, respondeu o profeta;
O profeta da mula; a mula do profeta!
E a mula do profeta com o profeta argumentou
E o profeta da mula; a mula do profeta
Reconheceu que o animal da morte o livrou.
A mula foi profeta da mula do profeta
Que, cego pela fama e riqueza, uma mula o guiou!
(Inspirado na Bíblia Sagrada, Livro de Números, capítulo 22)