O Viticultor
Bem sabes, Deus, que eu não sabia,
nenhum tiquinho, do que agora sei;
porque, superestimei, fugaz alegria
sem ela nos dias dolorosos reclamei...
Sequer identifiquei a tua mão direita,
e nenhum dos meus conselheiros viu;
por isso, insano, desejei uma colheita,
sem mesmo ter feito o devido plantio...
Nos tonéis fermentaste a experiência,
quando uvas da tristeza tua mão moía;
e preparastes os cântaros da prudência,
para armazenar vinho doce da empatia...
Agora que colho o que eu nunca plantei,
descubro mui tarde a perfídia das vistas;
recebi dádivas pelas quais, sequer, orei,
aliás, perdoa-me pelas súplicas egoístas...