VEM DOCE MORTE !

Vem, doce morte, eu sei que não és o mistério

do sem fim, o pavor do escuro cemitério,

não és o vulto mau, a sombra horrenda e esguia

do cutelo fatal e da mão muito fria

cujo afago cruel, implacável, glacial,

causa toda a aflição do momento final...

Pintam-te assim: voraz, a bailar pela estepe

da existência, andrajosa e vestida de crepe,

megera desumana afogada em vinganças,

arrebatando mães e roubando crianças...

E como és diferente!

És um sussurro manso,

um cântico de paz, um hino de descanso.

Vens brilhando, vens clara e majestosa, toda

adornada de luz como a manhã da Boda.

És o encontro, o momento eterno e majestoso

em que a noiva, feliz se aproxima do esposo...

És o dia esperado em que, os filhos da Luz

podem ver, afinal, o rosto de Jesus,

o dia em que Jesus conduz os filhos seus

para a Vida Eternal na Cidade de Deus,

onde não há mais pranto, onde não há mais dor,

onde existe somente a glória do Senhor!

És um caminho bom – o melhor dos caminhos –

macio, leve, azul, sem pedras ou espinhos.

Leva-me pela mão, ó delicada irmã,

ao Jardim multicor da Nova Canaã.

Irei como um menino, alegre, num transporte...

minh’alma te deseja e diz:

“Vem, doce morte!”

Gióia Júnior
Enviado por Jadhe Olivier em 09/11/2013
Código do texto: T4564157
Classificação de conteúdo: seguro