NOS TEMPOS DA GLORIA

Oxalá eu fosse

os grãos de areia

que formaram os passos

daquele Judeu

que fez das águas do mar

sua passarela.

Oxalá eu fosse

o pó da terra

em que ele misturou

seu cuspe e que de

tal lama abriu os olhos do cego.

Oxalá eu fosse

apenas uma das pedras

das ruas de Jerusalém,

que quando por ela

pisou os pés

daquele que nos ombros

carregava o peso dos males

Deste mundo.

Oxalá eu fosse

a porta de pedra do tumulo

quando que por si abriu-se,

para que o filho voltasse

para casa e os braços

de seu pai.

Oxalá fosse eu nada

no tempo daquele

que é ainda hoje o tudo.