POEMAS DE CULTURA
BERNARDIM RIBEIRO
Ai Bernardim Ribeiro,
Que de sofrimento, antes de mim falaste primeiro!
No teu romance da «Menina e Moça» que sofria,
Com o mesmo sofrimento do rouxinol, que no ribeiro morria.
Quem eras tu afinal,
Que o sofrer foi-te por sinal.
Serias «JUDEU»
Que pela Inquisição sofreu?
Nesse teu romance,
Em que todos sofrem, sem descanso,
Desde a Dama do tempo antigo, no seu sofrer
A Avalor, Aónia e Bimmarder,
Como é evidente, não me ouves para me responder,
Às minhas questões de sofrer!
Pois só Deus, nos pode ouvir,
Nestas coisas do existir!...
Por isso a ti Senhor invoco,
Jesus meu salvador,
Alivia-me do meu sofrer
E deste tanto padecer!
Só tu o podes fazer,
Porque me amas, até ao ponto de por mim morrer!
Mas ainda que morte enfrentaste,
Dela triunfaste!...
Sem dúvida, que padecimento,
É assunto que entendes,
Pois só tu passaste,
Tão grande sofrimento.
Mais que outro humano ser,
Etendes o que é sofrer.
E a resposta ao porquê, de tanto pranto, na vida,
De Bernardim Ribeiro e na minha.
Na de Job,
E na do cego de Jericó.
Só tu sabes o porquê.
Pois tudo entendes, pois és Deus que tudo vê,
Por seres omnisciente,
E também omnipresente,
Podes então dizer,
A causa, que à gente humana tanto faz sofrer!...
HELDER DUARTE
SONHEI
Ia caminhando p´ela cidade,
Até, que me senti cansado, apesar da minha mocidade.
Cansaço, físico e espiritual...
Não parecendo, este estado, pertencer à lógica racional.
Com verdade, eu era um humano ser, cheio de infelicidade.
Como quem, não tem liberdade.
O estado de ser feliz, não viera a encontro meu.
Sabe Deus, porque isso me aconteceu!
À frente estava um jardim.
Então pensei:
Sentar-me-ei,
Naquele banco, perto do jasmim.
Havia um ribeiro, que som não entoava,
Ao descer um monte, onde as águas não o magoavam.
E um rouxinol, nele bebia;
Pois morrer, não queria,
Como o das «...longes terras...»
Que no ribeiro do século dezasseis,
No mesmo, caia e morria.
Naquela terra, de sofrimento, mil vezes!
Este jardim, tinha vida.
Como o tinham «A Cidade e as Serras»
Do Eça de Queirós, romancista.
Lembrava ainda, «O vale de Azambuja» de «Viagens na Minha Terra»
Do poeta, que a mulher, exaltava
E anjo lhe chamava.
Então, no banco me sentei.
Adormeci...
E sonhei... sonhei...
Que feliz era...
Com a felicidade, que este pó, jamais tivera!!!...
HELDER DUARTE
CAMÕES
Camões! Que cantaste Portugal!
Com inspiração, sem igual.
Com força tanta...
Essa alma canta!
Mas eu canto, outro cântico.
De maior valor e encanto!
Meu hino é eterno...
De vida e belo.
Sempre, enquanto convicção, esta, minha alma ter,
Exaltarei, nem só terra...
Mas o céu, canta meu ser!
Porque é reino,
Sem guerra...
Mas de AMOR E ETERNO!
HELDER DUARTE
NADA SEI
Como Sócrates o grego,
Também eu nada sei...
Nem do mal, nem do bem, no seu todo...
Ao pleno real, ainda não cheguei.
Há o total...
Mas eu dele, tenho muito que aprender.
Do Ser real,
Mais quero ter...
Quem me ensina,
É Deus!
Que é verdade
E a origem da mesma:
O Ser, de actos seus...
Verdade eterna.
HELDER DUARTE