AMOR IMPOSSÍVEL
Ah, os amores impossíveis,
os olhares sedentos,
as palavras famintas ainda de serem ditas
nos silêncios gritantes do coração.
Ah, os amores impossíveis,
quanto pode um coração apertado querer?
Um rompante lúdico, menos
lúcido que os instantes
em que você passa e nem percebe.
Os amores impossíveis são tão nossos,
e o impossível não sabe e nem quer saber
ou sabe e finge que não, inflamando
teu coração mergulhado
na esperança de querer.
Amores assim impossíveis
são o sonho de nossos pesadelos
cotidianos, o riso de nossa
desgraça íntima, e gemem de prazer.
Ainda ontem você passou e nem
lembrou da dor de quem quer, do
prazer de imaginar teus abraços.
Impossíveis, certos amores
se completam ao findar dentro do peito,
na completude da perfeição,
nas compensações intocáveis, naquilo
que não se exprime, no tantinho assim
de riso, assim de contentamento,
de decepção, de ser injustiçado.
Ah, os amores impossíveis!
Rasgando fundo seu coração.
Ah, impossíveis amores!
Tantos foram, tantos virão.