HÁ UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL
POR ROOSEVELT VIEIRA LEITE
Há uma luz que ninguém vê.
Alguns a veem de noite quando nela a bela e a fera se encontram.
Quando o amanhecer é cinzento e sem sol.
Quando as nuvens, no céu, anunciam que haverá tempestade na terra.
As criaturas do mundo acreditam que no dizer as coisas há verdade.
Elas olham os paredões de pedra lavrada e adoram seus mitos.
Os seus deuses de outrora viraram ações nas bolsas de valores.
Alguém sofre dores.
No mundo não há somente flores.
As cavernas bem talhadas na pedra bruta escondem pesadelos muitos.
Os sacrifícios aos deuses continuam nas caladas.
Nas noites de baladas
Nas balas perdidas nas noites.
E na rua, açoites.
Contaram-me uma notícia. Uma nova de Boas Novas.
Nas terras secas do cardeal leste.
Onde a vida era como aqui, uma peste.
Nasceu uma esperança na manjedoura.
Ela veio no rosto de uma criança – a Esperança!
Venderam suas palavras por bom preço.
Trinta foram as moedas bem pesadas por sua sorte.
Nossa alegria está na sua morte.
E à porta bate a esperança que nunca cansa – esse é o norte!
Ele veio e salvou a todos do sonho de despedida;
Salvou a todos que estavam sentados na sarjeta da grande avenida.
Foi só um olhar, ou uma palavra, ou um toque na ferida.
Agora, caminhar com vida é continuar com ele.
Na terra alguns deram as mãos.
Há uma luz no fim do túnel.
Na terra, as mãos se estenderam até o outro lado da pista.
Onde passam carros e motoristas.
São contadores de histórias.
São surfistas.
Há uma luz no fim do túnel eu também vi.