:::: A AURORA DA VITÓRIA ::::
A Aurora da Vitória!
Como são os oceanos,
São também minhas palavras
Medíocres ornatos para louvar-Te!
E como o chão mediterrâneo,
São também as minhas lágrimas
Ínfimos símbolos da dor que Tu passaste.
Impávido bramido celestial!
Se nem os anjo detém
A glória que em Ti mesmo guardaste;
Hão de compreender este ser mau
Que os homens fazem-se reféns
Por esquecer a Cruz que Tu levaste?
No assento etéreo de chamas
Tu beijas o infinito, mas amas
O orvalho de um instante que fomos.
E sendo a chuva que clamas
Banhar o infinito de damas¹
E de flores delicadas que somos!
E corres a clamar com felicidade,
Chama-nos de filho, à luz da verdade,
Que pregos foram em Tuas mãos!
Vitupério de infâmia na adversidade,
Sofreste por nós tamanha crueldade
Para regar-nos injusto perdão...
E no deserto de composições efêmeras,
Deste-me vida na prisão de minha existência,
Levando-me ao rio de Teu Amor.
Meu peito é deserto que venera,
A busca deste rio de benevolências
Alcançados no preço da dor!
Gritem, ó leões, e despertem os que dormem!
Que há rio que cessa o fogo que os consomem,
Um rio que tem nascente dentro de Ti!
Rugido intermitente é gota de um instante,
Do sentido que vive inconstante,
Mas hoje voa na eternidade que em Ti eu vi!
Deita em meu lábio a Tua lágrima, ó Pai,
Para que sentindo a Tua dor
Eu viva tão somente o Teu querer.
Levanta este peito que vai
Nos caminhos do Senhor
Por Teu nome sofrer...
Ei-la lá, a minha tão louvada Cruz,
Mostra-me Teus paços
Para que diligentemente eu os siga!
Que és Teu nome, meu caro Jesus,
O infinito de um espaço
E a luz na qual eu prossiga.
Levantem-se, ó pecadores, levantem-se
Que na fonte deste rio de lágrimas
Que Cristo chorou há o perdão...
Agora, lancem-se e mergulhem-se
Que se transformarão em águias
Na luz da Salvação!
Que pranto funesto me abarca a lamentar,
E esta é dor que meu Pai tem,
Choremos pelos pecados do mundo.
Tal como rio de lágrimas que Cristo quis Chorar,
De nossas almas fluam os que creem,
Na salvação deste rio tão profundo.
E dentro de nós já não somos nós mesmos,
Encontrados nos desertos da vida
E banhados nos rios da Glória.
Vai, pobre e pequeno, ser da noite o sereno
E regar, do Senhor, as Margaridas
E assistir a Aurora da Vitória!
Autor: Ygor Pierry
SP 19/09/2012
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¹ Refere-se à flor conhecida como Dama-da-Noite, fazendo-se menção ao verso posterior.