AH, BEIJA-ME COM TEUS BEIJOS...
Ah, beija-me ela, com os beijos da sua boca, porque melhor é o teu amor.
Ah, beija-me a braça-me, pois a ti me entrego...
Ah, beija-me tu, com teus doces beijos...
De todas as virgens da terra, só a tu escolhi,
mas tu me traíste, com teus pecados
e deitastes em qualquer cama, que não a minha.
Ah, beija-me ela, os teus beijos...
Do pó te tirei, sem nome tu eras, quando disse ao meu profeta:
Conta tu as estrelas, se as pode contar,
pois assim será a quantidade do meu povo.
Ainda novinha, tu foste levada à escravidão
e sofreste nas mãos de teus opressores.
Mas só a tu chamei pelo nome.
Indignei-me ao te ver amargurada, de joelhos,
tu, tuas crianças, teus filhos e filhas,
e os filhos e as filhas de teus filhos,
a derramar lágrimas perante mim.
Amei-te quando encontraste a santidade,
e dela não te apartavas,
e te dispuseste a crer em mim.
Amei-te quando te levei caminho de deserto,
a uma terra que lhe seria doce mel.
Ah, beija-me com teus beijos...
Embelezei-te, com pingentes e tranças lindas nos teus cabelos.
Te dei perfumes, os mais cheirosos.
Importei a melhor seda, dei-te escravos,
tu que eras pobre e me buscavas com amor.
Mas crescendo, engordastes e me traia.
Traiu-me por trinta moedas, vendestes teu amor por um beijo amargo.
Fui e te busquei de novo na casa de prostituições,
te dei filhos, casa e nome,
mas o fogo da iniqüidade, inflamado pelo demônio,
a puxaste de novo, para a lama do pecado de outros braços
que não os meus.
Em trevas tu só querias andar.
Ah, se tu me beijastes, com os beijos que querias te dar...
Fui a um casamento,
onde uma mulher intercede
e lá escolhi para mim outra noiva.
Com dores no peito e na alma, te rejeitei, para sempre.
Olho agora para uma nova noiva que pecou até agora,
porque não sabia fazer outra coisa.
Elegi outra para minha amada.
E hoje te chamo de minha amada, tu Igreja,
que quero beijar muito, com meus beijos.
Beije-me ele com os beijos da sua boca;
porque melhor é o teu amor do que o vinho.
Suave é o aroma dos teus ungüentos;
como o ungüento derramado é o teu nome;
por isso as virgens te amam.
A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça,
e a sua mão direita me abrace.
O meu amado é meu, e eu sou dele.
Onde estão teus acusadores? – diz ele para mim.
Se ninguém te acusa, nem eu também.
Oh, então beija-me ele, com os beijos da tua boca,
meu amado Jesus.
by
Paulo Sergio Larios