SEM RIMA 263.- ... sobre os deuses? ...
Temo que a maioria sejam deuses...
Talvez haja alguma deusa
ou talvez deus travestido,
ou apenas emasculado no corpo
e másculo na que dizem alma
mas sem a ter...
Pululam fervenças* de deuses
etiquetados cerimonialmente
para imporem estilos e regras
aos devotos constrangidos
pelas pregações dos seus vigairos**
Deuses poderosos, mas faltos de omnipotência,
apenas possuem a virtude delegada de matar:
Essência (se tiverem) sua inverte a proclamada
pelo profeta:
Com certeza não gritam
nem clamam, nem permitem erguer a voz nas ruas
(dispões de exércitos que acabam
silenciando todo o protesto).
Sim mandam quebrar
o caniço rachado e apagar o pavio fumegante.
Infiéis com qualquer promessa, espalham onde quer
a injustiça.
Fortes aparentemente mostram fraqueza
sem sossego, rodeados de polícias e muralhas
que ferem, apresam, encarceram sem mediação
de juízes nem respeito pela legalidade,
que eles próprios, deuses da morte, promulgam,
despromulgam e tornam a promulgar
na busca do voto cativo e dócil:
Deuses, mercados; servidores, governantes;
Senhora e dominadora do Planeta, a Morte.
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(*) "fervença" s. f. (1) Efervescência, ebulição de um líquido. (2) Agitação, acaloramento, ardor. (3) Cascata. (4) Escuma que faz a água ao cair desde altura.
(**) "vigairo" s. m. (1) Vigário. (2) Substituto do pedâneo. Vizinho da aldeia ao que corresponde, por turno, empenar e presidir o concelho, correspondendo-lhe a um vizinho diferente cada mês. (3) Pedâneo. (4) O que leva o ramo da festa na aldeia e paga os foguetes, gaitas, etc. (5) fig. Indivíduo que anda de aqui para lá.