Ars solemnis

Tem poesia pedindo para nascer

De um poeta solene,

De um moleque perrengue,

De uma menina da estrada,

Provinda de uma luz divina

Que tira a sonolência e ilumina

O caminho que temos que compartilhar.

E a poetisa poetiza

E o poeta faz arte ao poetizar.

A palavra que vem do nada,

O nada que contém o tudo,

Muito extenso,

Ocupa um espaço vazio.

Mas o caminho compartilhado chega sempre a algum lugar.

Os dedos no piano que saltam e engajam o soprano

Favorece o contralto,

Do alto do palco,

Onde a luz do sarau quer se mostrar

E penetrar na alma branda,

Rompendo a ignorância da mente pessimista,

conformista, intimista e engessada

Pela nebulosa que assombra o pensar.

A arte do melífluo escondido

Dará luz à religião de Cristo

Composta por amor e hospitalidade

Justificada pela razão e pela emoção,

Baseadas na imagem e na semelhança.

O Senhor do pastoreio inspira o poeta e o padeiro

O pão da vida tem sabor de carne humana

E irradia a poesia em forma de cruz

E em nome da arte.

Porque viver é um exercício repentino e repetido

Baseado no foco do Autor divino

Pois somos filhos e criação,

Poesia e rompimento,

Passo firme e movimento,

Clareza e escuridão.

Onde o sopro que impulsiona o coração

É provocado pelo todo e pelo nada

Dentro de um mundo passageiro

Formando forasteiros

Cujo código e dever é iluminar.

Lígia Marques Godinho, 04-09-2010, às 08:48.

Likamarques
Enviado por Likamarques em 28/05/2012
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