O MENINO SEM ORELHAS
Um jovem casal
Estava muito feliz
Pois estava esperando o primeiro filhinho
Juntos se interrogavam:
Será homem?ou será mulher?
Com quem irá se parecer
Com o papai? ou com a mamãe?
E assim passavam horas e horas pensando
Finalmente chegou o dia
Em que todas as dúvidas foram tiradas
A criança nasceu...
Era um lindo garoto, forte, saudável...
E quando a jovem mãe pela primeira vez
Tomou seu filhinho nos braços
Ficou horrorizada
Não podia acreditar no que estava vendo
Não podia ser!!!
Seu filhinho nasceu deficiente, não possuía orelhas
Possuía apenas dois pequenos orifícios;
_Meu Deus, o que vou fazer com uma criança deficiente?!
Como irei mostrá-la aos meus amigos?
Finalmente o choque passou.
O amor falou mais alto.
Mais uma vez o amor venceu a dor.
O casal decidiu que daria todo amor do mundo àquele pequeno ser.
O menino logo virou atração no hospital
A notícia espalhou-se pelas ruas
E todos queriam ver o menino sem orelhas.
O tempo foi passando...
O menino desenvolvia-se normalmente
Quando saiam, as pessoas o olhava com curiosidade
Porém isso não o incomodava
O menino sem orelhas aguardava com grande ansiedade
O dia em que iria à escola.
No primeiro dia de aula
O garoto ai todo feliz. Mochila nas costas, lancheira ao lado
Todo sorridente
Entretanto toda sua alegria chegou ao fim, assim que entrou na sala de aula.
Foi ali que pela primeira vez
Enfrentou a triste realidade de sua deficiência.
Quando seus coleguinhas não viram suas orelhas
Começaram dizer:
Olhem, ele não tem orelhas! É um monstrinho!
Parece um extraterrestre!
Vejam um monstrinho, não possui orelhas!
Aquela infeliz criança pensou que fosse morrer
Sentia-se semelhante a um animalzinho
Encurralado por inimigos algozes.
Porém seus coleguinhas não lhe davam trégua
Gritavam em coro:
_Monstrinho!!
_Monstrinho!!
_Não possuí orelhas.
Pobre garoto.
Não entendia que o ser humano
Só valoriza o que é belo e perfeito
Que seus coleguinhas possuíam a mente deturpada
Porque o mundo lhes havia ensinado assim.
Desesperado, o garoto saiu correndo
Para fugir daquele inferno que lhe torturava a alma.
Chegou em casa em prantos
Sua mãe mãe correu-lhe ao encontro,
Envolvendo-lhe com abraços e beijos.
_ O que aconteceu filhinho?
_Por que está chorando?
A criança sentindo-se protegida por aqueles braços amigos
Deixou extravasar toda dor contida no seu coraçãozinho:
_Mamãe! Mamãe!
_Minha mãezinha!
Por que eu não tenho orelhas??!
Os meus colegas me chamaram de monstrinho:
Por que Papai do Céu fez isso comigo??!
Por que não tenho orelhas minha boa mãezinha?
Por que não tenho orelhas?
Por que​? Por que?
É impossível descrever
Descrever o que se passou no coração materno
Naquele momento terrível...
Este incidente tirou a paz daquela família.
O garoto trancou-se, não queria sair para não
ser chamado de monstrinho
Agora eram três infelizes desesperados
Procurando solução para aquele problema atroz
Os pais na esperança de amenizar o sofrimento do filho,
Colocaram anúncio em rádio, jornal, televisão
À procura de um doador de um par de orelhas.
Porém o tempo passava
E o doador tão esperado não aparecia.
Felizmente surgiu um misterioso doador.
No dia marcado para a cirurgia
O garoto foi para o hospital com o coração repleto de esperança.
O implante foi um sucesso!
Com grande felicidade, ele pode pela primeira vez
Ver seu rosto refletindo no espelho com um par de orelhas.
Agora uma uma criança normal;
Podia, brincar, correr, jogar bola, e ninquem;
Ninguem jamais iria chama-lo de monstrinho.
Procurou saber quem lhe dera tanta felicidade
Jamais ficou sabendo.
O tempo passou...
O Menino tornou-se um belo rapaz bem sucedido.
Entretanto, um dia surgiu uma nuvem negra
no horizonte de sua vida.
A sua mãe querida partira para nunca mais voltar...
Durante o velório seu pai disse-lhe:
_Filho, tenho um segredo para revelar-te
Caminharam em direção ao caixão
E carinhosamente o esposo puxou para trás
Os cabelos da sua esposa amada.
Surpreso e emocionado
O jovem viu apenas dois orifícios sem orelhas
Naquele momento ficou sabendo
quem havia lhe doado o par de orelhas.
Entre lágrimas abraçou aquele corpo inerte:
_Foste tu mamãe, a doadora???!
Por que tanto sacrifício por mim, mãezinha querida???!
Me deste amor, carinho e proteção
Não precisava tanto sacrifício.!!
Sei que fizeste isso por amor
Por muito amor
Muito obrigada mãezinha
Muito obrigado.
Quando ouvimos uma história assim, ficamos emocionados.
Mas, maior amor, e maior sacrifício
Demonstrou Jesus Cristo por cada um de nós
Foi por amor que Ele deixou os céus para tornar-se homem
Foi por amor que Ele assumiu as nossas culpas
Foi por amor que Ele recebeu a coroa de espinhos.
Foi por nossa culpa que Ele foi cravado naquela cruz.
Quando chegarmos ao céu
e contemplarmos as cicatrizes do seu martírio
Semelhante àquele jovem, diremos:
Por que tento sacrifício por mim?
Um pobre miserável, desgraçado pecador
Não merecia tanto sacrifício Senhor, não merecia.
Sei que fizeste por amor
Por muito amor.
Muito obrigado, Jesus
Muito obrigado
Por minha salvação.
Poesia publicada na livro MINHA VIDA EM TUAS MÃOS (1998 )
de Valdinete Afra Bulhões