Árvore do Getsêmani
A seringueira, em troca de suas feridas,
dá seu sangue, sobre o qual gira o mundo;
fere-a, pois, o homem com certeza,
que sua tristeza é água, com ouro no fundo.
Já o espinheiro, de afoito fere primeiro,
defendendo águas sem vida;
é medicinal a dor se há um propósito,
encontrar o depósito, a jazida.
A procedente do jardineiro – Mor, é seletiva,
feita, com perspectiva , fruto de estudo;
fende o caule, estocada corretiva,
ainda viva, preserva, contudo…
Nas vezes que o sonho palpita,
e sina estreita, apequena nosso mundo,
é a mão do alto, que as águas agita,
levando o eleito, para um plano mais profundo.
Quando o ódio feriu uma planta, a profanou,
mas era santa; acinte e crueldade;
jorrou o que ela tinha, vida, também a minha,
uma fonte pra humanidade…