O VENTO SOPRA SEM SABOR

O VENTO SOPRA SEM SABOR

Quimeras isoladas

Açoitadas, fustigadas

Por palavras disfarçadas

Com altas plumagens

E vestes sacerdotais

Adotam posturas sóbrias

Com todo nobre rigor

Postulam a sensatez

Pelo aprumo semântico

Do rasgado falar,

Que vai contornando

Infindas regras

De fatídico presságio

Que açoita pensamentos

Dispersos.

Mas quem ousará

Volver seu olhar

Se o medo

Impede o se virar

E a maldição do sal

Parece não findar?

Olhos lacrimejantes

Penetram como setas ardentes

Num peito espavorido

Ansioso por encontrar

Uma pista, uma trilha

Que eleve o pensar

Acima das densas nuvens

Que teimam em espargir

Suas lembranças

Esparsas, isoladas

Escondidas em relicário

Oculto entre flores

E agora, na terra, revolvida.

Mas o medo impede

De sair do barco

Crê ser aventura

Que do lado de fora

Tudo se perde

Tudo afunda.

Mas nem todo o mundo

Com suas várias ciências

Explica o por quê da negligência

Que teimamos em ocultar

Sob um véu de exaltação

Delírios histriônicos

De um coral de multi vozes encarceradas

Que suplicam por clemência

Em meio à desordem da demência

Ultima configuração, ação

Em busca da derradeira salvação

Contidas em corriqueiras fórmulas

De ação mirabolante, incessante.

Mas a fórmula dessa ação

Há muito já foi dita

Sem crer nessa esperança

Não há caminhos

Que se posso percorrer.

Então, creia!!

13/06/2011