Desavença
Eu sou a consciência que cauterizas,
como ter-me-ias entre os comensais?
Sou o anjo, cujas asas não vês,
e crês que brincaria com teus animais.
Se vais soltar a fauna poupe-me,
de abrir as porteiras contigo;
existas, do modo que chamas, viver,
só não me prives, do meu abrigo.
Sou dor, e buscas anestesia,
o torpor, pra negar a doença;
sou silêncio que grita, denuncia,
que entre ti e o Pai, há desavença.
Eis a questão, o medo da resposta,
a pretexto que saber, não tem;
pintura, à qual viras as costas,
pois retrata nudez, também.
O chato que despreza o rótulo,
de louco, visionário, vagabundo;
Palavra de Deus em plena guerra,
o sal da terra, a luz do mundo…