LAMENTO
Quando nasci há + ou - dez bilhões de anos atrás
eu senti uma esperança maior
vivênciei e pensei que jamais
pudesse repetir tantas voltas sem dó.
Quando substituiram o criador
por escritos sagrados
aumentando mais e mais a dor
em busca de algo sem agrado.
Quando eu vi tudo isto
senti na minha pele ferida
mesmo sendo um espírito
sem luz, sem vigília e em trevas.
Quando deparei-me com a peste
da espécie em apuros com o valor do preço
defendo-me e luto pelo avesso
sem esperança e sem guarida.
Quando perco-me nesta profunidade
de mais uma ida e volta
reconheço como sou tola
por não aproveitar minha sorte.
Quando fico na janela
apreciando minhas rosas
em botões que desabrocham
no maior sentimento da revolta.
Quando sinto tudo perdido
e escuto aqueles gritos
perco-me em tristezas regressivas
eis-me mais uma vez a procura.
Quando procuro e encontro
já que estás em tudo
sinto renascer o encanto
daquele elo perdido.
Quando contigo me deparo
em mais um amanhecer de encanto
quanta alegria meu amigo
comprovando que és vivo.
Quando encho o meu peito do teu ar
Quando sinto o perfume do teu suar
Quando a terra molhada floresce
Quando eu sinto o meu despertar
Quando irei precisar
de provar o teu amor
se estás aqui comigo
na minha alegria e na minha dor!