O sentimento de Abraão

O que Abraão sentiu

Ao ouvir seu filho perguntar

Pai e o cordeiro onde está?

Que difícil subir o monte

Quando a incumbência

Era o próprio filho ofertar.

As passadas são lentas...

Os olhos estão turvos...

No silêncio se ouve o coração gritar:

Pai, o cordeiro onde está?

O filho da promessa a indagar

O velho pai, sem respostas para dar

_ Meu filho, o cordeiro

O cordeiro Deus proverá!

O cenário não muda,

A dor é aguda,

O silêncio continua,

Somente a fé atua.

Deus proverá para si

O cordeiro adequado.

Como questionar seu agir,

Quando por Ele é mandado?

Se o filho é o da promessa,

Que história é essa,

De Isaque ser sacrificado?

Como subir o Moriá

Quando sangra o coração?

Como conseguir separar

A fé e a razão?

“Olhe para o céu

Conte as estrelas que há

Conte se puderes contar

Os grãos de areia no mar”

Como entender o Criador?

Como questionar sua ação?

De um homem sem filhos,

Seria patriarca de uma nação.

Os passos ficam lentos,

Já se avista o Moriá.

Deus, o cordeiro onde está?

A resposta não importa,

Um servo não deve contender,

Se o seu Senhor pediu

O correto é obedecer.

Ele sempre faz certo,

É Deus de longe,

E também de perto,

Com certeza proverá

Um cordeiro para si.

Agindo Deus

Quem pode impedir?

A caminhada termina

É hora da entrega.

O velho pai de pé

Sangra o coração,

Crendo no impossível,

Exalta a fé,

Anulando a razão.

Isaque é o cordeiro,

O filho da esperança,

De Abraão o herdeiro

Prestes a ser imolado.

E ao levantar a mão,

A natureza emudece

Ouvindo o brado:

_Abraão, Abraão!

_Estou aqui Senhor!

_Que fazes Abraão?

Provastes que me ama,

Mostraste que tens fé.

O cordeiro foi providenciado.

E por não negares o teu filho,

Serás grandemente abençoado.

Tu me amas bem sei,

Pois a mim foste fiel

Fizestes o que mandei

E como estrelas no céu

A ti multiplicarei.

Por meio dos seus

A ti abençoarei!

Quantas vezes,

Tal qual Abraão

Sentimos o coração sangrar

Por termos que entregar

O nosso Isaque?

Isaque que nem sempre

É o filho prometido.

Às vezes um sonho,

Objetos, pessoas, amores

Que provocam dores

Ao termos que ofertar?

O coração partido,

Põe-se a indagar

Porque Deus, por quê?

Esquecemos de Abraão,

Sua fé e trajetória.

Ao servo não convém questionar,

Importa apenas crer.

Deus não tem falha de memória,

Se Ele prometeu

Com certeza irá fazer!

RUTH RIBEIRO DANTAS FAGUNDES DOS SANTOS
Enviado por RUTH RIBEIRO DANTAS FAGUNDES DOS SANTOS em 28/06/2011
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