Sombra

A sombra se locomove por lugares sombrios,

pois a claridade tem muita luz;

Barganha aquecer recantos sós e frios,

pelo combustível do vício, inglória cruz…

A noite sua aliada permanente,

noite que chega a cada dia;

Com seu véu oculta ao olhar dessa gente,

que um amor sem amor, a miséria propicia.

A luz não alcança onde a sombra habita,

não têm pois, nada em comum;

O que uma expõe, outra evita,

não coabitam em tempo algum.

Súditos da luz até cruzam recantos,

onde a outra estabelece seu reinado;

Desconfortáveis passos, no entanto,

que pressa em sair do outro lado!

Escolhem pelo instinto essas pessoas,

e as ocultas usufruem falsa paz;

Não porque as trevas sejam boas,

antes, porque suas obras são más.

O luminar veio, foi repelido,

a cruz mostrou o que o homem pensa;

Amor-próprio quando desmedido,

é a medida exata da indiferença.

Suas obras então, só escombros,

mas propaladas em alvoroço;

Não suportando uma cruz nos ombros,

penduram um simulacro no pescoço.

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 27/06/2011
Código do texto: T3059657
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