Deserto

Hélio e Selena circundando o planeta

contemplam mudar o ser, a vida;

e o trovão que sempre repete sua vinheta

protesta, tanta chuva perdida.

A hipocrisia organiza o comício

e é a primeira a discursar;

criticando a copia do vício

sem uma virtude pra se plagiar…

Alma intáctil, não deixa o ninho

gira o mundo, e ela segue criança;

sob um rosto marcado, pergaminho,

ao menos esse, o tempo alcança.

Terra estéril, semeadura vã

de todo conselho sábio lançado;

e o orvalho que visitou cada manhã

jamais viu um fruto, por si molhado.

O vento empurrando dunas, deserto moral,

nada vive entre a areia;

tempestade que grassa sobre o areal,

sem uma fonte, sequer uma tamareira…

E quando o Eterno tira água da rocha,

o indolente beduíno permanece na rede;

reputa miragem, a flor que desabrocha,

estranho camelo que não sente sede…

Leonel Santos
Enviado por Leonel Santos em 21/06/2011
Reeditado em 22/06/2011
Código do texto: T3048357
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