A PAUSA E SEU INSTANTE SUPREMO
O alto preço pago pela agitação diária
Fervilha o sangue que corre pelas coronárias
Sinalizando a tão necessária desasceleração.
Alienado pela influência do fluxo contínuo
Vê-se arrastado em completo declínio
Como pedra que se desgasta na arrebentação.
Cercado pelos compromissos e afazeres
A busca do prazer e do dinheiro são os mais sagrados deveres
Pela educação recebida desde a mais tenra idade.
O tempo escasso é o imperativo da evasiva
Quando o corpo pede trégua de maneira impulsiva
Já não responde mais à sua real finalidade.
Abrigo de uma alma que sofre pela negligência,
Anseia pelo refrigério de uma pausa para a devida penitência
A parada obrigatória para o refazimento espiritual.
Reserva de um tempo para a reflexão silenciosa
Envolve os espaços numa atmosfera harmoniosa
Embalando as preciosas horas de sono num acalanto divinal.
Inseridos num contexto social de competição selvagem
Priorizamos a ascensão material causando sérias desvantagens
Em detrimento ao equilíbrio interior.
As energias refeitas pela pausa desta corrida alucinada
É o impulso revigorante no continuar desta jornada
À temperar a vida dando-lhe outro gosto, outro perfume, outro sabor.