Tempo de chorar
Choro pela folha que queima.
Choro pelos animais que somem.
Choro pelo cristalino das águas
que se vai,
e pelo ar
que a cada dia ganha cores novas.
Choro pela alegria dos fortes
e pela riqueza dos avarentos.
Choro pela tristeza dos fracos
e pela miséria dos generosos.
Choro pelo fato de eu ser quem estou sendo,
embora me alegre
pela graça de não ser quem eu queria ser.
É tempo de não segurar o gemido,
pois o alívio se apressa em chegar.
Mas, antes, é preciso chorar,
colocar toda lágrima para fora,
deixando espaço suficiente em nós
para toda a paz, felicidade e prazer
que nos encherá por completo
depois do último pôr-do-sol.