EXTREMA UNÇÃO
O batismo foi na hora média.
O corpo pela luz fertilizado.
Do sol na praia veio a caminhar.
A maré encobria um segredo à pele.
Carne inocente, crente na festividade
Da primeira profissão, da primeira hóstia,
Pão líquido de salitre na saliva da língua.
O mar!
Tão dadivoso!
Tão Deus!
A areia correndo entre os dedos
Afogava um fungo da terra doce.
Jogava-se a onda com sua gravidade horizontal.
Charruando as éguas num compromisso de fé.
Uma seara!
Uma sereia!
Um ser!
Um banquete completo!
- Por quê as ondas não descansam à noite?
Vai começar, na pedra pia, sob a luz da vela que é o sol,
Pela graça do leite e azeite vermelhos que escorre dos pés
Sangue que jorra das plantas puntificadas
Pelo açoite da palavra pinaúna.
- Eu te batizo, Oceano Atlântico, em nome da pedra, da água e do sal.
No coral peixinhos faziam glu-glub.
Parou no plantão médico onde fez da enfermeira amiga
Cócegas de dor.