Bem-aventuranças
Enquanto o Mestre olhava as coisas ao seu redor com ingênua curiosidade, indagaram-lhe a respeito das coisas mais excelsas. Inspirando profundamente o leve ar das montanhas, ergueu a voz e ensinou às multidões:
Felizes os poetas que falam de Deus,
pois falam daquilo que viram e ouviram.
Felizes os poetas que semeiam jardins
com todas as flores que têm na imaginação.
Felizes os poetas que distribuem riquezas
segundo sua própria noção de justiça.
Felizes os poetas que ensinam a ser criança
e mostram que a vida é um espetáculo.
Felizes os poetas que riem e choram
pois transmitem a beleza dos sentimentos.
Felizes os poetas que entoam seus hinos
sem quebrar o mistério absoluto do silêncio.
Felizes os poetas que sonham com o amanhã
pois seus sonhos serão realidade.
Acima de tudo,
felizes sois vós se ouvis o que os poetas dizem,
se acreditais em suas palavras e lhes dais crédito.
Ficai alegres e não tenhais receio,
pois fostes capazes de reavivar sonhos e esperanças
e grande será a recompensa que recebereis nos céus.
Tendo se calado, o Mestre recolheu-se junto ao solo e pôs-se a rabiscar na terra desenhos de um mundo melhor.