AMANHÃ

Amanhã, eu não sei o que será.

Mas eu tenho o hoje pra glorificar o teu nome

tenho hoje as lembranças de uma vida

cheia dos teus milagres, cheia da tua misericórdia.

Hoje eu tenho o sorriso dos que eu amo e amo tanto, que não saberei dizer o quanto amo os que estão ao meu lado,

tenho hoje a voz de meus filhos e um amor, um amor que já me causou dores tão profundas, mas que foi transformado em paz por um amor ainda maior, ainda mais bonito, ainda mais perfeito.

hoje eu tenho o cheiro do alimento recém preparado e do meu perfume predileto.

Tenho hoje a maciez de meu travesseiro e o aconchego do abraço de minha mãe e a voz cansada de meu pai, e tenho amigos que oram por mim e esperam de mim uma palavra e outras vezes contam com o meu mais absoluto silêncio e tenho meus irmãos, que caminharam comigo até aqui.

Amanhã eu não sei! Não sei o que será?

Desconheço o desenrolar dos revezes da natureza e da minha própria natureza mortal e frágil, não sei!

Entretanto hoje, eu tenho mais para agradecer do que para lamentar, dos projetos mais elaborados que fiz e refiz por várias vezes, prosperaram apenas os que eu definitivamente não tracei me dando a certeza de que apenas por mim, eu não teria chegado até aqui.

Hoje eu tenho uma lua no céu de inverno incrivelmente cheia e luminosa, uma estrela que me parece ainda mais bonita.

Amanhã, eu não sei!

Sei que o tempo, a vida, a minha sorte está em uma única certeza que o ontem não me tirou, e quando eu despertar ela continuará lá, não importanto em qual circunstância eu esteja. São certezas que nos fazem ser quem somos!

A certeza que trago dentro de mim é que Deus é bom, que está comigo, e estará comigo em qualquer tempo, em qualquer lugar.

Ele estará comigo, quando minha voz sucumbir, minha visão estiver turva, minha carne esmagada de dores, minha mente estiver insana, minhas mãos trêmulas, minha morte próxima.

Amanhã, eu não sei o que será!

Mas tenho hoje a graça de ter um Deus pra me ouvir e me amparar nesta certeza, de que vivi o que era pra viver, senti o que eu tinha pra sentir, que tudo me foi emprestado, a pequena lagrima e pranto feito cascata que derramei, a minha voz, essa máquina, minhas mãos e tudo mais que tive foi emprestado por Deus, para que eu chegasse até o fim, sem medo de viver, sabendo que o morrer é dele também!

Minha partida seja quando for, será sem questionamentos eu apenas decidi não perguntar; Porque? e comprender por quem e para quem eu vivi até morrer!

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 01/07/2010
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