causa mortis - uma autopsia de cristo
por muito estreitas ruas
imersas na escuridao
provar da verdade cruas
se bem que eu não cria não
um corpo jazia morto
josé foi que o reclamou
em lençóis foi ele posto
teve quem por ele chorou
josé de arimatéia
com a morte não concordou
não juntou-se a platéia
que a morte o condenou
assim padeceu um santo
levado foi ele a cruz
disputado foi seu manto
desprezada foi sua luz
o corpo -isto destaco
eis-me aqui a contemplar
quem tem um coração fraco
acho melhor não olhar
mas se tudo tem um porque
deixa-me pois analizar
e contarei para voce
detalhes de assustar
não é que morreu um homem
em uma cruz e acabou!
mais sofreu muito um homem
e nem um lamento soltou
trinta moedas de prata
preço de quaisquer escravos
minha alma lhe é grata
porque escolheu os cravos
assim por puro respeito
não ouso o corpo tocar
antes de rasgar meu peito
e ante ele me curvar
nos pés dois furos percebo
e muitas escoriações
duro caminho percebo
muito peso e empurrões
e ,perfuro-contundente
algo os seus pés lacerou
e no pulso igualmente
o prego a carne vazou
clavículas deslocadas
esgotamento muscular
cãimbras generalizadas
feridas de ao ver ,chorar
no tórax as lacerações
entranhas quase a mostrar
tambem farpas de madeiro
pude no corpo encontrar
e a volta da cabeça
na pele consegui notar
espinhos duma coroa
feita para o humilhar
suspirei .
-Deus meu,quem que fez isto ???
porque tanto intento mau ?
matar em vez de dar vida,
e de forma tao brutal !!!
e na mornidão do corpo
examinei o pulmão
sinais de asfixia
por tão cruel posição
pois que de braços abertos
não conseguia inspirar
expirar até que dava
agonia era sen par
na pleura,um pouco de água
farta secreção pulmonar
fruto de tanto esforço
bastante para sufocar
uma lança de soldado
também o seu lado furou
tudo tava acabado
o sangue,com água jorrou
a pele ficou queimada
pela exposição solar
e achei nela saliva
é horrível imaginar
os lombos lesionados
por causa do peso da cruz
os músculos esgotados
assim pereceu meu jesus
nenhuma gota de sangue
se pôde no corpo achar
profunda hemorragia
vida da vida À roubar
a rígidez cadavérica
me permite avaliar
por volta das tres da tarde
parou ele de respirar
declaro a causa mortis
posso assim anunciar
foi o meu e seu pecado
que ele optou pagar
não omissão de pilatos
ou a maldade dos judeus
feri-o os nossos atos
sejamos ricos ou plebeus
lavado e perfumado
e já também perfumado
entre ricos ali ficou
quem semeara o amor
dormia poia a cidade
desdenhosa jerusalem
matou por pura maldade
o que só queria seu bem
*indicios
quero portanto agora
a humanidade arrolar
declarando-a suspeita
do inocente matar
portanto indicios tenho
para a mesma acusar
a provas fundamentadas
queira nelas atentar
rastros latentes vejo
de quem o crime cometeu
e desde já antevejo
o réu é você e eu
as linhas que perceptíveis
na mão humana ficou
são cicatrizes dos espinhos
de quem a coroa trançou
as farpas dos espinhos
fizeram um pouco mais
ranhuras,milhares nos dedos:
as impressões digitais !
na lança as digitais
mais de seis bilhões somadas
acaso pensas que a tua
não foi lá também achada ?
a saliva é sua,garanto
por teste de dna
humilhaste tu um santo ?
tente agora negar
e premissa venha,digo
o réu foi muito cruel
errou e errou de novo
ruminando da alma féu
receio que sangue de cristo
achar-se-á em nossas mãos
e nosso grito foi ouvido
agitando a multidão
dizia :matai tal homem
e depois lavai a mão !
se choro,se me enfureço
não passo avante da cruz
parado toco o madeiro
centelha tosca de luz
pos que de braços abertos
amou a quem o feriu
assim por suas feridas
o céu a nós se abriu