Poema em “só O Maior”
Há coisas que ouço e me assombro. São coisas que não posso imaginar. Não falo das atrocidades cometidas pelos homens, nem das calamidades naturais. Aquelas que são divulgadas na mídia. Falo das atrocidades feitas à alma humana. Falo do desamor que se esconde atrás das paredes das casas, das aparências dos ricos, dos casamentos longínquos daqueles que jamais se casaram no literal sentido da palavra. Quantos são os que sofrem de desamor? Quantos são os que sofrem por se sentirem ignorados? Quantos são os que, só em sonho puderam ser felizes, completos, realizados. Sonhos esses, às vezes apenas imaginários, outras tantas transcenderam a utopia, tornam-se carnais, emocionais. Sensíveis e visíveis, palpáveis e desejáveis, porém foram tolhidos de permanecer, de frutificar, de enraizar. Calados, moídos, sufocados. Sonhos, apenas sonhos, nada além de sonhos... Sonhos que a memória guarda em um calado grito de desesperada dor. Sonhos que no decorrer dos anos tornam-se cada vez mais cálidos. Que superam as barreiras do silêncio, em incalculável síndrome do viver o real. O concreto, o destino, a sobrevida que resta a tantos desses sonhadores, seres viventes, mórbidos de vida plena. Sedentos de amar intensamente. Atônitos ao que lhes coube da vida, ao que lhes foi permitido por si mesmo viver. Oh dor, tão intensa dessa alma, que no regaço da vida explode incontida e derrama ao pungente necro de tão infame úlcera, que ecoa aos sete ventos clamando por socorro, pedindo por ajuda, buscando a saída. Sem mais velar o carisma do pudor.
Oh almas, não é possível que se sofras de tal pesar, sem que faças algo para que sares. Não permitas que essa dor venha lhe sucumbir. Creia que há um meio e um caminho, mesmo que não tenha que sair linha em que andas, pode ser fellz, pode VIVER. Creias que há um Deus que tudo pode. Deixa-o transformar a si e a sua vida. Permita que Ele faça o que por mim ou por qualquer de nós jamais poderia ser feito. Viva o remanso que só Ele pode dar. Não desista, Ele pôde transformar minha vida e tudo o que há em mim. E em nada, absolutamente em nada, eu sou melhor do que ninguém.
Meus princípios religiosos me fazem sofrer consigo tamanho golpe, mas eles não vêm apenas de uma teoria sistemática, mas de uma experiência real, profunda, experiência de levar meu choro a Jesus e sempre obter Dele as respostas que necessito até mesmo aquelas semelhantes aos sofrimentos seus.
Tetê Azevedo
21/11/2001