Oração
Oração
Existe o tempo de nascer e de morrer,
de plantar e de colher.
A hora da aurora e do crepúsculo.
De transigir e endurecer.
O tempo de florir e fenecer,
de aprender e de ensinar.
Hoje eu quero uma canção alegre, amanhã talvez uma toada meditativa.
Há o tempo de recordar e o de vislumbrar o devir.
Da melodia e do silêncio, misericordioso,
da piedade e da imposição.
Da lágrima, nos conflitos e do sorriso, na concórdia.
Do ter, do existir, do haver e do ser.
Da sensibilidade e da racionalidade,
de gostar e de desafiar.
O tempo dos pais e o tempo dos filhos,
gerar, crescer, amadurecer e cair.
O tempo mágico da criação e o tempo reflexivo do desaparecimento.
Da busca e do encontro,
do entendimento e do questionamento.
Do claro enigma e da realidade obscura.
De voltar-se para os outros e para dentro de si.
Do arrojo e da meditação.
Há o tempo do gozo e o tempo da espera,
da amplitude e do cotidiano.
Um tempo feminino e outro masculino.
Da temperança e da inquietação,
da coragem e da dúvida.
Do ir, vir e ficar. Observem os barcos e as árvores.
Do possível e do inalcançável. De conquistas e de frustrações.
O tempo do eu quero e do eu posso.
Há tempos materiais e outros espirituais,
de sofrimento e de apaziguamento.
De alimentar e de curar as feridas,
de mostrar o caminho e de construí-lo.
Da razão e da gnose.
Do encontro e da despedida.
Do sucesso e do reinício.
Das fadas e dos guerreiros.
A hora do exemplo e da repreensão,
da união e do reenlace.
O tempo do sempre e do talvez,
do divino e do imanente.
Das pirâmides e dos córregos e riachos.
Da intrepidez altissonante e do adormecimento reparador.
Da liderança e do descanso,
da ordem e do progresso.
Do moderno e da memória.
Do nascer, do viver e do morrer.
Fontes: Eclesiastes e uma canção anos sessenta dos The Byrds.
Dedicado a todos os irmãos angustiados pelo vir-a-ser.