Obrigado, Senhor!
Lá, quando tudo era água
o Espírito pairava e irradiava,
percorria todos os cantos
e tudo o que há
por seu verbo se fez.
Nada por acaso.
Nada coincide
com os planos desenhados por Deus.
Toda estrutura se rende.
E o coração
reduto romântico da vida
por vezes falha.
E nossa capacidade de sonhar e pensar
assusta-se.
Pensa ter chego ao fim.
A dor rasga o peito,
afugenta as forças,
faz calafrios percorrerem os músculos.
O desconhecido se assoma,
como que se estivesse à espreita,
nada respeita.
Fica ali se assomando
tentando sabe-se lá o quê.
Mas vem o bálsamo
que cura as feridas
e acalma o espírito irrequieto,
e sopra gentilmente ao coração, paz!
A sabedoria humana,
traquejada,
muitas vezes imunes à dor,
suspeita suas ingenuidades.
Perpassa grossas enciclopédias
escritas durante séculos.
Olhos treinados
buscam diagnósticos escondidos.
Ali está,
escondido sob o peito
próximo ao coração,
veia, artéria,
duto que alimenta o músculo chefe,
sufocada sob peso dos anos de impropérios
e sem medidas.
Coisas da juventude,
diz alguém.
Reflexo de uma vida vivida, diz outro.
Dádiva de meu Deus
que por misericórdia
aumentou meus dias
por aqui.
Obrigado, Senhor!