Estreito
Já neguei meu próprio eu
E agora eu tomo a minha cruz.
Como amo meu ser, amei o seu;
E agora me torno sal e luz.
Meus olhos já furei,
Num acesso de fúria.
Minhas mãos amputei
E me livrei de tanta injúria.
Amei e não fui amado,
Dei e não recebi.
Chamam-me bem-aventurado,
Mas não é, exatamente, como me senti.
Já matei o 'eu' dentro de mim
E para o Alvo persisto em olhar.
De minha carreira espero o fim,
Pois o bom combate pude travar.
Minha parte me esforço em fazer
E uma coisa só quero receber:
O dom de esquecer o que ficou pra trás,
Pra alcançar a tão desejada paz.
Só me resta esperar
O oceano secar,
As estrelas caírem,
As montanhas sumirem,
O sol se apagar...
O dia está próximo de chegar;
Ninguém sabe ao certo quando será,
Mas prefiro, intimamente, pensar
Que, muito em breve, todo olho verá.
Ansioso eu fico assim;
Tenho sede do triunfo do bem.
Estou pronto para o dia do fim,
Só aguardo o 'sim' e o 'amém'.
William G. Sampaio [19/8/09]