A Reciprocidade do Perdão
Chamou um grande senhor
A uma prestação de contas,
Sem pôr medo nem afrontas,
O seu servo devedor.
Que lhe devia bastante,
Por sua dívida gigante,
Não pôde naquele instante,
Da dívida ser cumpridor.
Aquele servo humilhado,
Pediu ao senhor um prazo.
Disse-lhe que sem atraso
Seu débito seria sanado.
Seu senhor era piedoso,
Por ser misericordioso,
O seu débito virtuoso,
Ali ficou perdoado.
O servo regozijado
Na presença do senhor,
Agradeceu-lhe o amor,
Por muito ser perdoado.
Saiu dali com alegria,
Bem mais leve se sentia,
Pois o débito que devia,
Jamais seria quitado.
Se não tivesse o perdão
Sofreria grande horror,
Intensa e horrível dor
Numa infecta prisão.
Sua família seria vendida,
Pra lhe aumentar a ferida,
Perderia a esposa querida
E sofreria humilhação.
Mas ao receber perdão
De suas dívidas gigantes,
Depois de alguns instantes,
Agiu com ingratidão.
Um devedor encontrou,
Que um prazo lhe rogou,
Pra pagar o que ele cobrou,
Mas foi levado a prisão.
Quem tanto foi perdoado
Seu conservo não perdoou;
Na prisão o encerrou,
Após ter se humilhado.
Disto soube o seu senhor,
Que agiu com grande vigor,
Por ele não exercer o amor
De quem fora perdoado.
Quantos recebem perdão,
Mas não querem perdoar,
Àqueles que vêem buscar
Uma reconciliação.
Após serem perdoados,
Por Jesus purificados,
Para perdoar pecados,
Põem bem longe o coração.
(Sebastião Barros)
08/10/2009