A esperança ao fim dos dias
Mais um dia que se finda
e o mundo espera ainda
que alguém se sobressaia
sobre toda a escuridão
e que ninguém mais caia
na rede de mentiras e ilusão
como se pudesse surgir
do nada, o herói d'um porvir
que pintasse nova obra
um jardim que não houvesse cobra.
Buscam entre tantos eruditos
um que fosse mais entendido
que uma nova idéia elaborasse
e a todos então conclamasse
para intentar uma união
Paz e vida riquezas coração
Mas o silêncio mais forte rebateu
Ele já veio e o mundo não creu
e nós sabemos o que aconteceu
Já subiu aquele que de lá desceu.
Não se iluda mundo ingrato
a mesa está posta, e servido o prato
Ninguém se vanglorie, é o ultimato
o tempo que resta é rato
o que sobra é o que pinga na soleira
cai como aço quente na moleira
o tempo desconstrói toda atitude
o coração não tem mais solicitude
e na face estampa lasciva beatitude
Prato mentiroso temperado com virtude.
Agora que o tempo míngua
quem socorre a língua?
Padres mortos,pastores estanques?
Todos corações enxangues.
O tempo se acaba e traz afinal
justiça espada sem jogral.
Quem creu naquele que morreu por nós
atente à sua doce meiga voz
chamando-nos de filhos amados
Nos chamando para estar ao seu lado.
Doce vindoura esperança
que faz o velho coração
bater ritmado como criança
noite adentro em louvação.
A esperança que rasgou o véu
descortinando no templo o léu
revelando o trono além do céu
de estar também à mesa posta
ao lado do noivo a resposta:
em bodas celeste, nada de apostas.