"AGONIA DE JESUS"

A podridão do beijo na pureza de um rosto,

inaugurava, assim, a noite do desgosto!

Por entre as trevas, Judas atraiçoando a Jesus,

entregava-lhe um beijo e, nesse beijo a cruz!

Frente aos doutos da lei, o Príncipe da paz...

-na acusação estava o doutor Satanás...

-o cão, por mais imundo, jamais será igual

aos cães que compuseram a esse vil tribuna!

Oh, não! Não é possível... Foi engano, talvez...

Mas... Jesus, tu aqui?!... –Não pode ser tua vez!

Que mal tu cometeste, se a tua mão levantou

o que estava tombado porque a morte tombou,

Se a multidão faminta Tu saciaste com pão,

operando o milagre da multiplicação!

Se ao cego Tu disseste: – “Olha o sol que ilumina!”

curando a escuridão do fundo da retina!

Se ao que estava entrevado ordenavas: “Caminha!”

- e, largando as muletas ao Teu encontro vinha!

Eu me lembro, eu me lembro que em Teus ombros pousavam

as crianças que amavas e que também Te amavam!

E, agora, o tribunal, irrevogavelmente,

teria que impor culpa a Jesus –o Inocente!

De algum crime teria Jesus que ser culpado!...

De qual?!...- O que fazer pra Ele ser condenado?!...

E Anãs o interrogava com astúcia mordaz.

e, quando Anãs falava, sorria Satanás...

A lei não mais se ouvia, porque se ouvia a voz

de um dragão que espumava Seu íntimo feroz...

E Jesus era o alvo tão só, tão sem defesa...

Ninguém pra defendê-lo... Que infâmia! Que tristeza!

“ Multidões O seguiam inquietas como ratos...

Jesus ia até Herodes; de Herodes a Pilatos!

Açoites sobre açoites no Pretório do horror:

bofetadas, escárnios –sofria o Salvador!

A coroa de espinhos sobre a cabeça exangue...

E o rosto de Jesus ensopado de sangue!

O rosto, o santo rosto meio tonto e aturdido,

de aflição a aflição, de gemido a gemido!

Soldados e demônios dançavam de mãos dadas,

em torno de Jesus, soltando gargalhadas...

Logo a seguir, Pilatos apresenta Jesus

á multidão que clama: -“Dá-Lhe morte de cruz!”

Pilatos grita ao povo:-“Ò povo o que te apraz?!...

-que eu solte a Jesus Cristo ou solte a Barrabas???”...

-Como um bando de loucos em coro amaldiçoado

grita a turba:-“ Jesus seja crucificado!”...

- Depois, Jesus andando... Madeiro sobre os ombros

chicotadas e gritos... Tropeços... Tantos tombos...

-Que pesado madeiro! Que cruel o caminho!

Os ombros em feridas e ter que andar sozinho!...

Sozinho... e mais adiante, ver nuns olhos o brilho

das lágrimas caindo e ouvir dizer: -“ Meu Filho!...

Meu Filho, o que fizeste! De que foste culpado?...”

- E murmurou Jesus: -“ Minha mãe foi o pecado!...

O pecado que trago de toda a criatura

das gerações passadas, presentes e futuras!

Foi por este motivo que a esta Terra Eu vim,

pois o fim do Calvário espera por Meu fim!”.

Autor: Ítalo Zailu Gatto

Revista “O Atalaia”

São Paulo

Janeiro de 1978

Italo Zailu
Enviado por Italo Zailu em 10/09/2009
Reeditado em 23/09/2009
Código do texto: T1803333