Quando eu...
Quando andava no lodaçal
lodo gerava pérolas
Qualquer um era um boçal
e as novidades: especulações
Chamava fumaça de brumas
que instigava mil emoções
Até olhava o céu escuro
de estrelas pontilhado
Achava ser mais um no muro.
Mas quando amanhecia
tudo em cinza desvanecia
O que mias, então, havia
era o rastro de fuga doentia
Era sempre menos do que queria
mais chorava do que ria
Não interessava onde iria
ou por onde passaria
nem mesmo que fim isso daria.
Quando vinha uma idéia
era confusa feito pangéia
O abraço tal medeia
Tudo verdadeira panacéia
Afirmava ter coração de geléia
mas até a fé era atéia
Por meiose ou osmose, era etérea
essa realidade, mesmo férrea
E morria insalubre, cesaréa.
Brandia espadas de madeira
precipícios eram beiras
Escravo que era sem eira
viajando na rabeira
conhecimento cheio de baboseira
Humor sem brincadeira
Estupor largado na cadeira
ou descendo sem rumo a ladeira
sadio recheado como caveira.
Mas um dia a vesga de luz
descerrou seu capuz
Expôs ferida e pus
e toda essa mentira que seduz
Que de chofre ao fim nos conduz
Essa luz que me atingiu como obus
seu nome: Santo, Santo Jesus
E eu não faço jus
ao seu sacrifício vicário na cruz.
Esse milagre me traz vida
e minha alma, antes enegrecida,
como terra batida vencida
desencadeou doce corrida
aos abraços de Cristo, uma guarida
à toda alma dorida
E Ele secará toda ferida
pois sua graça é sem medida
Ele é entrada e saída.
Que Ele vai voltar é a promessa
que nunca ninguém nos impeça
Empunhe a bandeira e vamos nessa
Pois o coração tem muita pressa
de à mesa enfim estar
Convite sublime para cear
Num eterno doce comungar
e ao seio de Deus voltar
E eternamente O adorar!